segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A Expointer e o Faustão!


A Expointer é uma feira agropecuária de destaque nacional e internacional, realizada no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, no Rio Grande do Sul  e é considerada a maior feira de exposição de animais da América Latina.
A primeira edição ocorreu em 24 de fevereiro de 1901, em Porto Alegre, e em 1970 foi transferida para Esteio.

 Infelizmente, só tenho uma charge não publicada, específica sobre a Expointer e que me pareceu bem atual:

24 de agosto de 1974

Mas, como um dos temas da exposição é gado:

1986

1987
primeira charge a cores publicada 

1996


a vingança do gado, rsrs


Um outro assunto da semana foi o transplante de coração do Fausto Silva. 
O primeiro transplante de coração no mundo, de pessoa para pessoa, foi realizado em 1967, na Cidade do Cabo (África do Sul), pelo Dr. Barnard. O mundo inteiro comemorou, menos o Sofrenildo! 






E SamPaulo, que gostava de brincar de compositor, foi notícia na prestigiada coluna do "Hilário Honório", do jornalista Adil Borges Fortes:


domingo, 13 de agosto de 2023

Feliz Dia dos Pais!

Charges publicadas no livro "H,U,M,O,R, do 1º ao 5º, publicado por SamPaulo em 1964, na Coleção Catavento da Editora Globo, Porto Alegre.

Dedicatória:


Prefácio:







Publicadas no jornal "a HORA", de Porto Alegre, em 1956:






p.s. iniciou ontem o 51º Festival de Cinema de Gramado. Neste link, uma postagem anterior contando um história de SamPaulo no festival em 1955:



domingo, 6 de agosto de 2023

SamPaulo recebe homenagem da ARI

 ARI é a sigla da Associação Riograndense de Imprensa ou, como disse Theresa, irmã gêmea do SamPaulo (que representou a família Sampaio): "Aqui se Respira Imprensa". 

Na cerimônia de posse da nova diretoria, em 5 de agosto,  foi inaugurada a galeria dos "Destaques da Imprensa Gaúcha", com as fotos dos maiores ganhadores do Prêmio ARI/ Banrisul de Jornalismo. SamPaulo ganhou muitas vezes o primeiro lugar e também o segundo na categoria "Charge". Costumava chamar o prêmio de "meu décimo terceiro salário", rsrs.

Foram seis os jornalistas homenageados:  Claudio Dienstmann, Luciamem Winck, Mario Marcos, SamPaulo, Santiago e Valdir Friolin.

Parabéns a todos e nosso agradecimento à nova diretoria: José Nunes, Cláudia Coutinho e  Leandro Olegário e aos demais diretores e colaboradores da ARI por esta iniciativa. Desejamos sucesso na nova gestão.


Theresa, inaugurando a foto do irmão

Os premiados e seus representantes (foto do site da ARI)

A carnavalesca "serpentina" não estava programada, rsrs. Era parte da fita que colava o tecido à parede. Que piada SamPaulo teria feito?

Algumas charges premiadas (estas charges, com suas legendas, foram expostas na UFRGS, no final dos anos 1990):
1964/ 1º
Guerra Fria, queda de Kruschev e, neste mesmo ano, a queda de Jango/ Diário de Notícias, 16 de outubro.

1965/ 1º
A ditadura brasileira em plena 'safra' de atos institucionais e SamPaulo registra sem perder o trem da história/ Folha da tarde, 4 de novembro.

1967 / 1º
A família brasileira está acostumada a viver com dificuldades e decepções.
É um dia-a-dia difícil, mas sempre podemos olhar com um pouco de humor quando SamPaulo entra em ação/ Folha da Tarde, 18 de outubro.

1968/ 1º 
O humor de SamPaulo respinga no Vaticano. Na ocasião, uma encíclica papal considerou proibido o uso de um novo método contraceptivo: a pílula!/ Folha da tarde, 6 de julho.

1969/1º
Neste episódio, a Igreja Católica faz uma revisão e cancela algumas canonizações, fato que não escaparia à rápida 'pena' do chargista/ 5 de abril.

1970/ 1º
SamPaulo utiliza a figura do humorista Golias para fazer uma ironia sobre a supervalorização da área onde seria implantado o futuro Parque Assis Brasil, em Esteio, na Grande Porto Alegre/ Folha da Tarde, 26 de janeiro.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Golias

1971/ 1º
Neste ano o Rio Grande do Sul viveu uma situação que parece inacreditável: a crise do leite. O Estado não era autossuficiente na produção leiteira e o produto passou a ser racionado. A solução encontrada para abastecer as mamadeiras do gauchinhos foi 'importar' leite de São Paulo./ Folha da Tarde, 6 de julho.

1972/ 1º
Um episódio chocou o mundo neste ano, o assassinato de atletas israelense nos jogos Olímpicos de Munich/ Folha da Tarde.

1974/ 1º
A eleição de 1974, quando no Brasil só havia dois partidos, a vitória do MDB (oposição) recebe o apoio de Érico Veríssimo e Chico Buarque/ Folha da Tarde, 18 de novembro.

1977/ 1
Assunto muito em voga: a ecologia. Muitos a defendiam e outros a condenavam;
Mas, todos riam quando SamPaulo entrava em cena/ Folha da Tarde, 21 de maio.

1979/ 2º
O cotidiano às vezes pode ser cruel em um estado que se vangloriava de ter nos seus pastos os melhores rebanhos do país e de realizar uma feira do porte da Expointer. Isto não significa, infelizmente, que as proteínas da carne estejam na mesa de todos/ Folha da Tarde, 1 de setembro.

1980/ 2º
Delfim Netto, Ministro da Fazenda, Flamengo campeão nacional e inflação galopante, ingredientes suficientes para SamPaulo garantir o bom humor dos seus leitores/ Folha da Tarde, 7 de junho.

1982/ 2º
Na Copa do Mundo na Itália, o Brasil foi eliminado pela equipe dona da casa com três gols fulminantes do artilheiro Paulo Rossi/ Folha da Tarde, 6 de julho. 
p.s. a Rossi era uma grande fabricante de armas.

1983/ 2º
 SamPaulo comenta as duas superproduções vencedoras do Oscar naquele ano: E.T. e Gandhi/ Folha da Tarde.

1984/ 2º
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ganha cada vez mais importância/ Jornal Kronika, segunda quinzena de setembro.

1985/ 2º
Com seu lápis sempre afiado, SamPaulo retrata dois elementos da sociedade brasileira da época: a Nova República e o BNH (Banco Nacional da Habitação)/ Zero Hora, 22 de junho.

1986/ 1º
Nas eleições daquele ano, para surpresa geral, o PDT de Brizola rejeita a aliança com o PMDB e se alia  com o conservador PDS/ Zero Hora, 2 de agosto.

1991/ 1º
Aqui SamPaulo nos faz rir do episódio inesperado do confisco da poupança feito nos primeiros dias do governo Collor, pela ministra Zélia Cardoso de Melo/ Zero Hora, m 17 de março.

1992/ 2º
A ministra Zélia é alvo da ironia de SamPaulo quando é lançado um livro relatando o relacionamento que teve com o também ministro Bernardo Cabral/ Zero Hora, 9 de outubro.

1997/ 1º
O governador Antonio Britto, do PMDB, sendo presenteado pela GM (para quem ofereceu isenções e benefícios fiscais  para instalar-se no RS), sob o olhar nada amistoso dos professores, brigadianos e funcionários das empresas em vias de extinção e privatização/ Zero Hora, 9 de agosto.

1998/ 1º
Frase do presidente da época, Fernando Henrique Cardoso:
 "Vida de rico é muito chata."/ Zero Hora


Em 2010, o jornalista Jayme Copstein ganha o segundo lugar no Prêmio ARI, na categoria Crônica com "SamPaulo, dez anos depois":
SamPaulo está morto há exatos dez anos. Com ele convivi e fomos amigos durante 43 anos. Nos encontramos pela primeira vez em 1956, na redação do jornal a Hora (assim mesmo, com o “a” minúsculo), onde ele desempenhava o duplo papel de chargista e diagramador. Na imprensa daquela época, pelo menos no Rio Grande do Sul, considerava–se o humor atividade diletante. As empresas não admitiam pagar só “por aquilo”. Não tinham consciência do conteúdo social e político das piadas e dos desenhos e o quanto atraíam os leitores.
Tinha sido assim com o Zeca Sampaio, irmão do Sampa, que arrancou gargalhadas com o homenzinho mijão da Revista do Globo, mas preferiu ser funcionário da Justiça Eleitoral, para garantir o pão de cada dia; o Mr. Ioso, da antiga Folha Esportiva, que voltou para a cidade do Rio Grande, tornou desenhista de publicidade; com o João Bergman, que encontrava o lado engraçado de todas as coisas em O Domingo é meu, mas tinha de ser repórter e redator; com o Carlos Reverbel e o Carlos Raphael Guimaraens, que apesar das suas crônicas primorosas, tinham também de ser editorialistas.
Lembro bem deste primeiro encontro com Sampaulo. Eu morava em Rio Grande, dividia minha vida entre u m consultório dentário e a sucursal de aHora, seguindo a compulsão profissional com a qual nasci. Tinha vindo a Porto Alegre para trazer uma reportagem sobre a universidade que se pretendia erigir na minha cidade – é a FURG, hoje - e me coube trabalhar com ele, para confeccionar títulos, cartolas e legendas. 
Como estávamos na idade de reformar o mundo, ele tinha 25 anos, eu 28 – aliás, jamais deixamos de reformar o mundo apesar do tempo decorrido, e acho que esse é o segredo da nossa sobrevivência – adivinhávamos que aquele jornal não teria longa vida. E fomos filosofar na mesa do bar mais próximo, na avenida São Pedro, onde nos identificamos pelo amor à profissão e pela identidade da visão política.
Aquela conversa jamais terminou. Foi continuada sempre, quer estivéssemos trabalhando no mesmo veículo ou não. Frequentávamos os mesmos ambientes, desde a famosa “mesa da diretoria” do restaurante Dona Maria ao bar da Associação Riograndense de Imprensa, que ele frequentou religiosamente aos sábados de manhã, até adoecer. Lá deixou também o registro do seu talento, fazendo rir seus colegas, entre eles particularmente o jornalista Alberto André, presidente da entidade, a quem presenteava com uma caricatura nos aniversários redondos – 50 anos, 60 anos. Essas caricaturas estão lá, emolduradas, e integram o patrimônio da entidade.
Encontrávamo–nos também, na cerimônia de entrega dos Prêmios ARI de Jornalismo. Durante os 40 anos em que o concurso tem sido realizado, o SamPaulo foi primeiro lugar em 20 deles. E sempre que também me tocava uma premiação, ele tinha uma frase característica – Estamos aí. A frase fora herdada da amizade com o Agenor, adolescente que fora contínuo do velho Diário de Notícia.
O Agenor ganhava salário mínimo, o Diário atrasava sempre o pagamento, mas ele, como o Sampaulo, não reclamava de nada. Quando lhe perguntavam como andavam as coisas, o Agenor respondia – “Estamos aí!”.
A frase fora herdada da amizade com o Agenor, adolescente que fora contínuo do velho Diário de Notícia. O Agenor ganhava salário mínimo, o Diário atrasava sempre o pagamento, mas ele, como o SamPaulo, não reclamava de nada. Quando lhe perguntavam como andavam as coisas, o Agenor respondia – “Estamos aí!”. 
 A frase apaixonou o SamPaulo, que inclusive a tornou nome de uma seção que fez para a Folha da Tarde. E sempre que desejava comemorar o que fosse, falava – "Estamos aí."
Uma vez tentei entrevistar o SamPaulo. Era fevereiro, véspera do dia de Nossa Senhora dos Navegantes, nos cinemas, fazendo furor, o filme Tubarão. Acabou não saindo entrevista alguma, ele fez na hora uma charge, me deu o original de presente.
Tentei fazê-lo falar sobre o seu processo de criação. Ele tinha acabado de ganhar prêmio, pela primeira vez, no Salão Internacional do Canadá, com uma charge sobre a criação do mundo: Adão e Eva atrás de um arbusto, perplexos, vendo sair da “máquina de fazer vida”, bichos estranhos como o camelo, o rinoceronte, o hipopótamo. Adão comenta: “O ‘Velho’ não está nos dias dele”.
Perguntei como percebia este lado tão engraçado das coisas. Lembro–me de ter falado no Papa João 23, também humorista, que liquidou a malquerença do cardeal Tardini com uma piada. Tardini sempre se referia a ele como “aquele lá de cima”, apontando o 2º andar onde o Papa tinha seus aposentos privados. João 23 chamou Tardini e lhe disse: “Aquele lá de cima é nosso amado Senhor. Eu sou apenas aquele lá do segundo andar”.
Chegou–se à conclusão de que o humor nasceu na primeira cirurgia, quando o ”Lá-de-cima” esculpiu a mulher de uma das costela de Adão. SamPaulo me disse que este hipotético flagrante poderia ser criado de várias maneiras. Bastaria desenhar uma mulher sedutora e pôr expressão admirativa em Adão olhando para cima, com a legenda “Quem sabe, sabe”, se o chargista estivesse de bom humor. Ou então, se estivesse de mau humor, mudar a legenda para “Precisava complicar?”.
Não precisava, não. Bastava não deixar morrer gente como o SamPaulo.
p.s. charge a que Jayme se refere: