Hoje, meu querido tio Paulo estaria completando 94 anos. Sua gêmea, Theresa, está curtindo o seu aniversário, em Capão da Canoa.
Parabéns, tia querida!
Pensei em homenagear SamPaulo com uma postagem do amigo Emílio Pacheco em seu blog, publicada em 22 de abril de 2008. Obrigada pelos 198.516 acessos e obrigada Emílio! Um grande abraço a todos, Maria Lucia.
"Relíquia do SamPaulo"
"Pela data de
publicação, deve ter sido no verão de 1991 que o chargista Sampaulo estava no
balneário de Capão da Canoa, à noite, autografando seu livro "Como Eu Ia
Dizendo...", na saudosa Livraria Praiana, na Rua Sepé. Aproveitei para
pegar a assinatura do desenhista e falei:
- Queria conseguir o seu primeiro livro.
- Nem eu tenho.
- É da Editora Globo, né?
- É, sim, da Coleção Catavento.
Infelizmente, Sampaulo, que se chamava na verdade Paulo Sampaio (irmão do
chargista conhecido como Sampaio), já faleceu. Senão eu poderia dizer a ele
como naquele comercial de tesouras infantis que depois teve que ser tirado do
ar: "Eu te-nhooooo, você não te-eeeeeem..."
Graças a
esta maravilha que é a “Estante Virtual”, depois de meses de buscas
incansáveis, finalmente o primeiro livro de SamPaulo, "Humor do 1º ao
5º", já está comigo. O exemplar se encontra em ótimo estado, tendo
inclusive um anúncio do curso de inglês Linguaphone encartado e intacto.
O conteúdo é muito melhor do que eu esperava e
não é difícil entender por que o livro desapareceu tão rápido: foi editado em março de 1964 e era farto em piadas políticas. SamPaulo publicava seus cartuns no Diário
de Notícias e, aparentemente, ainda não havia criado o antológico personagem
Sofrenildo.
Tomei conhecimento desse livro na minha adolescência, por um amigo que o tinha.
Ele era rádio amador PX (Faixa do Cidadão) e, quando a nossa rodada ficava
realmente uma gandaia (o que acontecia com uma frequência acima do normal, devo
dizer), ele lia um poema do livro. Eu achava curioso o título: "O
Pingüê". Se fosse hoje eu viria correndo pesquisar o significado de
"pingüê" na Internet. Na época, nem me preocupei. Deveria ser um
termo gauchesco. Ou uma palavra de origem indígena. Ou talvez francesa: "Le Pingouet". Só sei que
parecia um nome bem sonoro e exótico. Lembro bem da voz do meu amigo, em tom
caricato, anunciando: "O Pingüê". E seguia: "Quando a chuva
pinga no meu pago..." Às vezes nós mesmos pedíamos: "Lê aí o Pingüê!"
Anos depois, na Faculdade de Jornalismo, o professor Marques Leonam trouxe o
primeiro livro do Sampaulo para a aula. Quando vi do que se tratava,
imediatamente pensei em impressonar o mestre com o meu conhecimento de uma obra
tão rara. E perguntei
-É esse que tem "O Pingüê"?
Ele confirmou e inclusive trouxera o livro para ler exatamente esse poema, mas
deve ter estranhado minha pergunta. Porque o nome não era apenas esse. Por uma
limitação de diagramação, o título do poema acabou se dividindo em duas
páginas. Na página 71 estava o texto e a primeira parte do título:

Ou seja: o pingüê que sempre me soara tão exótico nada mais era do que a
primeira parte do título "O PINGO E A PINGA." Mesmo assim,
convenhamos, faltou uma certa "faísca" ao nosso amigo para perceber
que o título não poderia ser apenas "O PINGO E". Mesmo quem não
conhece a expressão "conjunção aditiva" sabe que o "e"
junta duas coisas. Eu e você. A corda e a caçamba. O côncavo e o convexo. O
pingo e a pinga. Fiquei um tanto decepcionado em saber que o misterioso pingüê
não existia. Era "o pingo e". A pinga estava no verso da página."
Blog do Emílio:
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